Vamos abrir o processo criativo ao público, com a apresentação de um ensaio aberto, no dia 17 de Setembro, às 21h30. Será um momento de partilha no âmbito da residência de criação do espetáculo APNEIA, no Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo.
O espetáculo de teatro APNEIA integra o projeto de cruzamento disciplinar de religação à natureza PLANTA, ao longo do qual também se apresenta uma Escrita Epistolar, uma Exposição Fotográfica e um Ciclo de Conversas, todos interligados num processo de inteligência distribuída similar ao das plantas. Este projeto de criação caracteriza-se por uma componente de reflexão e de construção de pensamento crítico sobre a atualidade e o futuro num diálogo entre artistas, participantes, público e pensadores de diferentes áreas de investigação.

A dramaturgia parte da ideia de jardim como laboratório de experimentação de relações, um espaço delimitado, de conexão com a natureza e de escuta do outro. Na cena aprofundamos o caráter corpóreo intrínseco da noção japonesa de “Ma”, privilegiando a percepção e a visão relacional. É este espaço de coexistência e alteridade que se explora, em que o limite não é uma fronteira que separa mas uma linha permeável.
A cena apresenta-se como um ensaio, no duplo sentido de criação e repetição. Três personagens / intérpretes habitam este espaço vazio pleno de possibilidades. A ideia é esgotar até à exaustão todas as possibilidades de uma história (a história de cada um deles) que se vai revelando ao longo do espetáculo. Três seres humanos ensaiam um estado de proximidade com as plantas no sentido metafísico e filosófico. Ainda há tanto por desvendar sobre as plantas e sobre cada um de nós.
Que relação mantemos com as plantas e com o outro? O texto e a encenação refletem o processo de criação deste projeto de religação à natureza que com uma forte componente de investigação e interdisciplinaridade.
As plantas possuem uma arquitectura modular, cooperativa, distribuída e sem centros de comandos, como é o casos dos seres humanos e a sociedade. É da sua imobilidade e arquitectura que resulta a sua capacidade de adaptação e resiliência. Descentrar é a palavra chave das plantas. São estes princípios que são explorados na cena, na relação que se constrói entre os intérpretes, entre personagens e com o público.

Temos excesso de consciência de nós próprios, já dizia a minha avó. O excesso é o que nos mata. E tinha razão. O excesso.
No espetáculo APNEIA, a procura é também de nós próprios enquanto seres humanos. Dos medos, desejos e ideias de cada um destes personagens. Na aceleração do mundo global e contemporâneo a necessidade de proximidade com o ser natural impõe-se. Que futuro para a humanidade sem as plantas, sem a respiração. Um estado de apneia permanente? Uma alucinação?

Criação Ana Luena & José Miguel Soares Texto, Encenação, Cenografia e Figurinos Ana Luena Interpretação Helena Baronet, Nuno Nolasco, Rafael Ferreira Música Interpretação ao Vivo Zé Peps Desenho de Luz Pedro Correia Assistência de Produção Beatriz Ourique Design Gráfico Joana Areal Coprodução Município de Évora, Teatro Municipal de Bragança, Teatro Municipal de Vila Real Residência de Coprodução O Espaço do Tempo Apoio A Bruxa Teatro, Junta de Freguesia dos Canaviais Mecenato Gama Uno Cofinanciado Por Alentejo 2020, Portugal 2020, Fundo Social Europeu, União Europeia, Iefp, Compete Parceiro Instituto Politécnico de Bragança Produção Malvada Associação Artística
PLANTA tem o Apoio da República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral Das Artes
M/14 anos

fotografias de José Miguel Soares